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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Desabafo de um bom marido

Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas.
Se eu soltar, ela vai às compras.

Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica.
Então ela disse: 'Nós temos Muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar'.
Daí comprei pra ela uma cadeira elétrica.

Eu me casei com uma mulher cujo sobrenome é  "Certa".
Só não sabia que o primeiro nome dela era "Sempre".

Já faz 18 meses que não falo com minha esposa.
É que não gosto de interrompê-la.
Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha.
Ela perguntou: 'O que tem na TV?'
E eu respondi: 'Poeira'.

No começo Deus criou o Mundo e descansou.
Então, Ele criou o homem e descansou.
Depois, criou a mulher.
Desde então, nem Deus, nem o homem, nem o Mundo tiveram mais descanso.

Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo.
Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes, o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim.
Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer.
Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura.
Eu Olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa.
Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei, dizendo:
"- Quando você terminar de cortar a grama,"  eu disse, - "você pode também varrer a calçada."
Depois disso não me lembro de mais nada.
Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida.

Luís Fernando Veríssimo 

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